Mudou bastante a maneira de resolvermos clinicamente a situação de unidades dentárias com algum tipo de comprometimento periodontal. Antes, esforços heróicos eram feitos para manter uma unidade com suporte periodontal reduzido, uma vez que esta unidade poderia ser a única maneira de se planejar para o o paciente uma prótese fixa (basta lembrar dos trabalhos do Lindhe, Nyman e Rosemberg, só para citar alguns autores). Hoje, com o sucesso dos implantes comprovado clínica e cientificamente, podemos correr menos riscos e propor soluções mais previsíveis a longo prazo por meio da extração de dentes com prognóstico ruim ou duvidoso e utilização dos implantes, muitas vezes preservando os tecidos periodontais das unidades vizinhas e evitando futuras extrações. Dessa maneira, bem planejados, os implantes são uma modalidade de tratamento que preserva unidades dentárias e que realmente mudaram a Odontologia, trazendo benefícios antes inimagináveis para os pacientes.
O problema é que o argumento da previsibilidade a longo prazo está sendo muitas vezes utilizado para suportar planejamentos que propõem extrações de unidades que teriam perfeitas condições de permanecerem em função. E alguns fatores podem justificar estas condutas. O contemporâneo slogan do faça da maneira mais simples é bastante sedutor. Certamente na maioria dos casos a manutenção de um dente a ser restaurado proteticamente vai requerer um maior numero de horas trabalhadas além de necessitar de conhecimento específico que foge aos conteúdos da Implantodontia. E esta aparente simplicidade aliada a um grande apelo de marketing associado à rapidez dos procedimentos nas clínicas privadas e a uma formação muitas vezes excessivamente especializada, faz com que atualmente, muitas vezes sem indicação, muitas unidades dentárias sejam extraídas. Em alguns momentos me espanto quando extrações de 8 dentes posteriores em uma maxila são indicadas em função do paciente ter ausência dos 6 dentes anteriores. O contrário também é comum para a mandíbula, onde muitas vezes os dentes anteriores são extraídos para viabilizar uma prótese fixa tipo “protocolo”. O que agrava ainda mais esta situação é que nem sempre nos permitimos ouvir o “dono dos dentes”, a importância daquelas unidades para a manutenção da sua auto-estima e confiança. É claro que em algumas situações estes serão planejamentos adequados em função de vários aspectos que podem estar presentes. Todavia, com algum conhecimento sobre Dimensão Vertical, movimentação ortodôntica e periodontia, muitos pacientes poderiam ter os seus dentes mantidos indefinidamente.
Neste momento em que a integração dos conhecimentos é a tônica dos currículos das Instituições de Ensino superior, temos que transferir este conceito para a nossa prática diária. Somos todos responsáveis por esta mudança, principalmente aqueles que se arvoram a ser Ministradores. Como obter ancoragem, preservar papilas e fazer um enxerto continuam sendo importantes. Todavia, ao meu ver, atualmente, mais importante do que saber se o implante osseointegra em 20 dias ou 3 meses é perceber que o nosso grande desafio é aliar as reconstruções, ancoragens e fixações à manutenção das estruturas ainda presentes. Em função disso, hoje na osseointegração são as situações de edentulismo parcial as que requerem maior integração de conhecimentos. E uma boa maneira de pensar duas vezes antes de propor extrações é se imaginar no lugar daquele paciente. Será que o simples e rápido é sempre o melhor?